Sendo a vida uma arte, a linguagem será universal (cfr. Rimbaud), incluíndo TUDO.
A linguagem afastar-se-á do consenso, e exprimirá o desejo e a imaginação.
Sendo o ,«exterior» à imagem do «interior», a vida será uma obra de arte. As obras de arte do passado serão tidas por curiosidade arcaica. Algumas serão conhecidas e estudadas.
O «artista» será confrontado com o «político» e com o «sábio». O artista será louvado, os outros excluídos.
As obras de arte terão uma existência exclusivamente lúdica. A experiência directa, dos vários mundos, suprirá com enigmas e presenças.
O amor e outras actividades de relação serão públicas e tribais. Eles serão reis e elas raínhas.
Uma guerra planetária deprimirá a humanidade actual. Depois o homem, envergonhado, conhecerá o horror dos ídolos.
A mais bela forma de ser será a preferida, depois que os homens reconhecerem os seus tiranos, no interior de si mesmos.
Um anarquismo integral, de produção natural, será a forma que se antevê irá ser escolhida pela humanidade emancipada.
A «vida» e a «morte», indistintas finalmente, serão sentidas na sua raíz comum, como formas de ilusão e alegria excepcional.
Nem tudo o que lapa/varetti diz é das minhas ganas, mas o programa de fundo já é algo tretatérico, com o indispensável idealismo que as picuinhices da vida levam na prática a algumas traições - reconheço-me nas «formas de ilusão e de alegria excepcional» e nisso recomendo o alegre Sofista Górgias quando diz que «aquele que ilude é mais justo que o que desilude, e aquele que é iludido mais sábio que o que não se ilusiona». O nosso doce e leve cepticismo consegue coincidir com esta capacidade de se deixar embalar pelas ilusões, conhecendo, como quem não quer a coisa, os seus mecanismos.