Saturday, August 04, 2007

tretotécnicas


TRETOTECNICAS (ou o Anti-bhijnabhairavatantra)



Estas técnicas destinam-se a ser exercitadas por aqueles que buscam o sofrimento intenso e que não estão para entrar em tréguas com as mentiras que estruturam o mundo e o sujeito. É òbvio que há uma alternativa, menos nobre, que consiste em pactuar com as ilusões e a ingenuidade. Mas será que há escolha possível?

Hildegardo Caronte





1. Desconcentra-te! Tenta não sentir a respiração ou o intervalo entre respirações sucessivas! Considera esse momento denso e obscuro. Deita o ar fora e sente o alívio de já teres respirado e o horror de te preparares para uma nova respiração – o doce pânico existêncial!

2. Usa a respiração como uma bomba. Faz explodir o ar em baixo. Esvazia-te violentamente até que nenhum ar subsista – destroi-te!

3. Ou, sempre que a inspiração e expiração se fundem, sente nessa confusão de sopros mal digeridos o cansaço!

4. Ou, quando respiração parece que foi toda evacuada para fora ou te sentes a rebentar como um balão, sente essa vertigem terminal que te esmaga – é tão fácil como fazer milagres!

5. Considera a tua intimidade como uma tempestade assolada por raios subindo e descendo pela medula entre o ânus e o cérebro. Considera a tua existência como uma anomalia.

6. Ou nos intersticios desse sentir caótico, deixa-te fulminar por dolorosos choques elétricos!

7. Sente o alfabeto manipulando a tua consciência. As palavras que te pensam são compostas por letras destituídas de quaisquer sentimentos. Sente essa insensibilidade de não seres mais do que sons ou letras, e então, considerando a artificialidade das subtilezas compreende que foste apanhado na ratoeira!

8. Evita a atenção entre sobrancelhas. Deixa os pensamentos ainda mais indomáveis e destruídores. E que uma avalanche de dúvidas te faça remoer e remoer de uma ponta à outra do corpo, inundando-te como ténebras.

9. Ou, imagina que és um horrível degradé new age. Deixa-te derreter no seio desse kitsch cósmico e sente o enjouo das imagens comprimindo-te contra uma parede até ficares completamente prensado. Sente que és mais falso do que tudo o que se imaginou!

10. Fecha com força os olhos e examina-te em todos os detalhes perversos. A tua essência é uma fraude que se tenta aldrabar a si própria.

11. Deixa que um sentimento de opressão surja do centro do teu corpo, como um vulcão medonho. Em tais pântanos de lava sê um vil retornado.

12. Fecha-te a sete chaves nos subterrâneos em que já não há segredos, e de repente imagina que nunca houve nem haverá mundo lá fora, e através desse espaço torna-te voluntáriamente excluído!

13. Os olhos geram pesadelos que semeiam outros pesadelos. A luminosidade é uma fantasmagoria que destroça o coração. Tem a certeza da intrincada confusão do mundo!

14. Banha-te na cacofonia que te rodeia, como uma soma de sons descontinuos e desconexos. Abre bem as orelhas orelhas e ouve o ruído dos ruídos.

15. Vocifera um som, como o b-u-m!!! Estrepitosamente. Tal como o som, entra no arrepio da barulheira, num inferno.

16. Examina a gradação de cada sílaba, como algo desporvido de interesse, e então compreenderás que te arrastas na fala como em algo sonâmbulo.

17. Quando escutares sirenes tenta ampliar o som arrepiante até que uma surdez central se apodere da tua escuta. E assim permanecerás desinteressadamente, numa total ausência.

18. Resmunga, refila, grita, e repara que até os teus sentimentos mais intímos se desvanecem nessa densidade ruídosa.

19. Imagina o espírito como uma mosca à volta de ti mesmo até que o universo inteiro se vulgariza.

20. Resiste a todo o bem estar que te quer enganar pois não passa de uma armadilha para te tornares mais burocrático.

21. Utiliza toda a tua intiligência ao serviço de uma idiotia como o «inexprimível», e nessa inutilidade regozija-te com o facto de o fazeres com o máximo de cinismo!

22. Considera toda a tentativa de saíres do marasmo em que te encontras como um acréscimo de sufoco.

23. Sente a nhanha de que és feito como que saturada de tretas cósmicas.

24. Supõe que és a retrete onde o mundo inteiro vem lançar os seus fedorentos dejectos, e que essa coisa a sente e se enche!

25. Ó amaldiçoado, ao sentires o que quer que seja repara como és um cozinhado intrincado de mal condimentados sentimentalismos.

26. És uma diarreia de estupidez que se julga intiligente – lesma evasiva.

27. Quando entretido nas tarefas mundanas, pára um pouco, sustém a respiração e descobre que por mais que a tua vida varie as coisas acontecem e surgem como se viessem repetitivamente.

28. Atenta ao incêndio que se levanta doloroso nas partes inferiores do corpo, e, como se estivesses num inferno, sente que esse fogo que te vai consumir, nunca cessará! Então terás inveja das cinzas.

29. Pensa no mundo e coloca-te no papel de um deus superior. Garanto-te que é desse ponto de vista que a vida é sobretudo um tédio.

30. Sente as qualidades rancorosas e o prazer precário que obtens de actos destrutivos e de como até a delicadesa que arrasas é enjoativa.

31. A inexistência e a morte são preferíveis? E dão-te algum garante? Terás essa possibilidade de te escapares? Não serão elas caminhos para algo ainda pior? Não terás como garantido que nunca te poderás escapar?

32. Tudo flui de uma coisa para outra incapaz de convergir definitivamente nalgum corpo. Os mundos são instáveis. Os deuses instáveis. A sabedoria instável. Há seres (pobres pretenciosos!) que têm a pretensão de ter ultrapassado essa instabilidade. Mas terão alguma garantia de uma definitiva estabilidade? Òbviamente que não. Assusta-te com toda a instabilidade!

33. Ó desenxabido, entretem-te com o jogo do universo como numa estopada porque já não há escandalo ou fofoca que te anime. Então até as mais excitantes notícias te provocará na pele uma alergia infinita.

34. Olhe como que por cima do sobreolho sem condescência por tudo o que seja abaixo da excelência (se é que ela existe!). Nestes momentos rigorosos torna-te depreciativo!

35. Retira-te para um lugar espaçoso, vasto, uma natureza o mais pura e nua possível, sem casas ou àrvores. Chega imediatamente a depressão!

36. Ò criatura amarga, medita no saber e no não saber, no existir e no não existir. Deixa então ambos de lado e constata a inutilidade de tais meditações.

37. Todos os objectos estão a mais e só atrapalham. Torna-te nesses objectos, como se eles fossem vítimas de magia negra. Ò amaldiçoado!

38. Caos da sensações com a presença atarantada de seres um zombie.

39. Com o máximo de ressentimento, concentra-te na junção de duas respirações e sente a catástrofe!

40. Considera que o interior do teu corpo é fundamentalmente conspurcação!

41. Ao ires para a cama com a mais doce princesa, despacha-te depressa dessa hipócrita queca.

42. Pára as portas dos sentidos ao sentires que és uma criatura explorada que rasteja como uma formiga. Nunca mais!

43. No início do acto sexual, tem em atenção a ânsiedade que te move, e, após o orgasmo, nas cinzas desse acto, em vez de te sentires alíviado, percebes que chegou a inevitável ângustia do cigarro. Mesmo que não fumes!

44. Durante o frenesim dos sentidos, na agitação que precede o orgasmo descobre que estás a ser meramente mecânico.

45. Tenta esquecer os corpos, e os languidos abraços, e o insuportável fedor.

46. Quando por surpresa encontras um velho amigo que não vias há muito tempo, o sentimento de alegria muda-se rápidamemte para o de desfazamento.

47. Quando comeres ou beberes, analisa meticulosamente os sabores dos alimentos e bebidas. Então tudo o que parecia ser sensação intensa torna-se classificação, categoria, e fixa-se em nomes inuteis, totalmente inócuos.

48. Ó tu, que já nem te atreves a olhar para o espelho, tenta para compensar cantar com intensidade e sentimento a mais bela melodia. E grava-a logo. Ao escutá-la não és só tu que és um desastre a cantar, é o universo que regressa desafinado!

49. Sempre que algo te satisfaça mínimamente tem a certeza de que essa será a última vez!

50. Mesmo quando o sono te domina e o teu corpo está incapaz do que quer que seja sabes de antemão que passarás a noite a ruminar em pensamentos escarafunchosos, porque a realidade das realidades é a insónia!

51. No inverno, quando estás isolado no meio de uma tempestade e num sítio ermo a borrares-te de medo, absorve num só trago essa escabrosa solidão!

52. Estás na fossa e impotente? Acossado, mantém-te nessa onda. De olhar fixo, sem pestanejar. Como um verme baboso prestes a ser definitivamente pisado.

53. De repente pés e mãos estão fora do controlo. Nem as nádegas ou o tronco te servem de apoio. O pânico apodera-se de ti, e acontece o inadiável desmaio!

54. Numa posição díficil, com todas as partes do corpo tensas e prestes a explodir, és capaz de matar qualquer pessoa porque estás profundamente raivoso!

55. Vê como se fosse a última vez que vez alguma coisa um gajo nojento ou um objeto kitsch.

56. Com a boca ligeiramente aberta, mantem-te com a lingua na greta. O cheiro a sexo e a mijo torna o teu acto mais feroz e contudente: GRRRRRRR!!!

57. Deitado na cama ou assente num sofá falta-te força para o que quer que seja ou interesses que te façam mover uma palha. É a insustentável moleza!

58. Num veículo em movimento, sentes o balanço e as guinadas como atentados à tua integridade e aos teus rítmos biológicos. E, sem mais nem menos acontece o vómito!

59. Contemplando um tufão avassalador tudo é a agitação traumatizante!

60. A energia que parece mover o Universo, assim como os teus mais íntimos pensamentos é essencialmente opacidade.

61. Ao tentares dormi e ao tentares manteres-te acordado, conhece-te a ti mesmo como indisposição.

62. Descobre, após o sacrificio de uma vida, que trabalhaste na fórmula errada. Assimé toda a ideologia, religião ou ciência.

63. A obscuridade procura-te para te assimilar com crueldade!

64. Segue depressa os teus piores impulsos. Nada pode parar os erros inevitáveis.

65. Concentra-te no b-u-m desagradável e sente o uivo arrepiante do u.

66. Faz uma careta com desprezo e diz FFF. Experimenta de seguida um PPPP: o esforço!

67. Sente intimamente o cansaço de todos os sentidos.

68. Sempre que vislumbrares alguma coisa bela ou delicada, sê intencionalmente rude.

69. Sensação: Maus pensamentos? Um vazio egoista? A asfixiante intimidade com a ausência de ti mesmo!

70. As ilusões só geram desilusão. As cores enervam. Toda a classificação é uma perca de tempo.

71. Se algum desejo te alegra, examina-o com atenção. Então, sem perder tempo, reprime-o.

72. O desejo e a beleza só existem para disfarçar o horror radical que sustenta as coisas. Queres ser exacto? Dissolve-te no feio.

73. A que é que o desejo pode levar, para além de terriveis consequências materiais? À estupidificação

74. Todas as percepções particulares, todos os momentos mais preciosos, desaparecem imediatamente mal são vislumbrados. Tudo está condenado ao esquecimento e à ignorância.

75. Na melhor das hipóteses não somos criaturas isoladas mas apenas seres pegajosos. O que nos solidariza uns com os outros é essa consistência babosa. Mesmo os belos sentimentos amorosos não passam de uma versão sofisticada de sermos uns colas e carentes.

76. Na violência dos desejos há algo evidente: estás totalmente perturbado!

77. Este universo é uma selva infernal. O único consolo é o de saberes que rápidamente serás devorado.

78. Ó, adepto. Fica sabendo que todo o conhecimento é conhecimento do mal. Prazer e dor são duas versões de algo intrinsecamente maléfico. Sucumbe à necessidade do mal. Torna-te maléfico!

79. O teu corpo é um acessório mediocre da tua má consciência. Como é que podes praticar o que quer que seja sem tortura e ressentimento?

80. Objectos e desejos destrem-se uns aos outros. O pior que te pode acontecer é satisfazeres-te com um objecto ou um desejo. O que é que te pode acontecer depois? Ah! O desinteresse!

81. A depreciação dos objetos é o teu exercício espiritual preferido. Depois de depreciares o mundo tem a ousadia do grande passo, depreciando Deus, o Vazio, a Revolução ou o que quer que seja. E constatarás que nada mais existe para além dessa tirânica depreciação!

82. Imagina que a consciencia alheia é a tua consciência, e que a tua intimidade é comum, desinteressante, escarafunchosa como todas. És o cliché que sempre criticaste, uma subespécie de vulgaridade.

83. Não penses em coisa nenhuma. Será que algo te motiva a agir ou pensar ou outra coisa qualquer. Torna-te insignificante através da falta de vontade!

84. Bem podes acreditar que és relativo, ignorante, contingente, acessório.

85. Poderiamos dizer que fazemos parte de algum elemento que está presente em tudo. Mas nem isso. O único que nos justifica é a repugnância pela universalidade.

86. Mexe-te o menos possível, de tal forma a que o mínimo esforço te seja insuportável. Compreenderás então que sempre foste um atrito!

87. O conhecimento foge de ti a sete pés. Sentes-te fraco, desmoralizado, incapaz e acima de tudo, um fardo para os outros.

88. Alguém te tenta impingir uma treta mística acenando com chavões e metáforas gastas: fecha-lhe a porta imediatamente. Toda a «libertação» mais não é do que o espírito de seita!

89. Tapa os ouvidos e fecha os olhos. Ouves os sons desagradáveis do interior. Agora abre-os. A confusão e gritaria da exterioridade. O único som que te satisfaria seria a surdez!

90. Parece-te maravilhoso? Ainda consegues conceber uma imagem ou experiência maravilhosa? Ò, pobre criatura ingénua, até o maravilhoso se gasta e tem os seus podres!

91. Estás instável. Vagueias sem expectativas. Poderia consolar-te dizendo que há um aqui e um agora. Mas se te concentrares um pouco não consegues agarrar nem um aqui nem um agora. Outra vez o instável!

92. Algo te manobra e te faz funcionar e que tu não és capaz sequer de controlar. Claro. És vampirizado pelo teu inconsciente!

93. Sempre que uma situação difícil e crítica se avizinha não deixes de lado a única coisa que possuis: o nervosismo!

94. Há uma consolação para as situações mais difíceis: tudo se transforma. É claro que se transforma, mas para ainda pior!

95. Olha para um objecto intensamente. Depois retira a tua concentração. E passa a outra coisa qualquer. Sempre desinteressante!

96. A devoção escraviza!

97. Sente que há um objecto atrás de ti. Não sabes o que é, mas ele projecta uma sombra sobre todos os teus actos, por mais indefenivel ou ausente que seja. Passarás a vida a fujir de algo que ignoras. Ah, a insustentável e oprimente perseguição.

98. A impureza dos teus pensamentos e ideias não é mais do que um suburbio da impureza cósmica. Todas as doutrinas estão conspurcadas. Concentra-te na realidade como numa inextricável conspurcação!.

99. A tua consciência que te dá como algo garantido e inevitável neste mundo está decididamente a mais!

100. Sê desigualmente! Trata os estranhos com indulgência! Esquece os amigos! Pensa na desonra que é ter a tua intragável companhia.

101. Quando encontrares alguém na rua gaba-te de todas as proezas que conseguires imaginar, e exagera de tal maneira a que ele se aperceba da mentira e te tente espézinhar psicológicamente.

102. Supõe que buscas algo, embora não saibas bem o quê, e que a tua necessidade de encontrar esse objecto indefinido e indispensável te leva a um extremo estado de baralhação.

103. Desintegra-te com o espaço, insuportávelente, instantaneanente, humilhantemente.

104. Tudo o que tu possas tentar fazer de realmente novo só te diz: inexperiência!

105. Confunde o teu nome com outros nomes, e através desta confusão, o esquecimento!

106. Eu não sou nada. Isto é não é meu. Este aqui nem sequer é este. Ò detestável, nessa conformista constatação repara como és limitado!

107. Esta vaga consciência é o espírito da desorientação que mereces. Deixa de ser.

108. Estás aqui numa esfera de repetição, repetição, repetição. Através da repetição torna-te ainda mais relutante ao que tens sido.

109. Como o cuco destroi ninhadas alheias, sê o estranho destruídor da grande familia a que não pertences tornando cada um dos teus actos num atentado à realidade.

110. Libertação e escravidão não passam de palavras para assustar medricas. Nelas perecem aqueles que nelas acreditam. Este universo apenas reflecte bassamente o que nem merece ser reflectido. Assim como as ondas destroçam as imagens que reflectem assim entende o teu destino como uma escravidão a um amo ignoto.

111. Cada coisa semeia ignorância. Quanto mais percebemos, mais somos cientes da desnecessidade do saber. Cada conhecimento apenas contribui para ampliar o sentimento de desconhecido!

112. Ó chato, neste momento deixa-te de tentativas merdosas, de pretenciosas observações, de suspiros, e mesmo das más intenções – excluí-te!

grande oraculo tretatérico




O supremo cânone da obscuridade - é fáCIL DE CONSULTAR

para gerar números basta utilizar este sítio: http://www.random.org/integers/


se quizer escolher só um número escreva em generate 1, se pretender uma sequência deles escreva o número que quizer de números que pretende


depois escreva os números em



Each integer should have a value between 1 and 81



e consulte o oráculo em baixo

esta é uma versão inventada/adaptada do «grande canone da obscuridade», isto é, do grnde falso canone homeostetico (6=9=0)




1. Centro. O que se mantém em si para si. O é.

2. Circulo completo. Anel. Ciclo. O eterno retorno.

3. Bloqueado. O beco. Sem saída.

4. Barreira. Aporia. Obstáculo. A emergência crítica.

5. Mantendo-se pequeno. Micrologia. Balbuciando. O quase anonimato. A discrição. A emergência minúscula.

6. Contrariedade. O problemático. O adverso. O que vem de outras direcções.

7. Subida. A conquista na hierarquia. A escalada. A inflação.

8. Op-posição. A dialéctica. O movimento refutante. O inimigo.

9.Ramificar. A teia. A rede. O rizoma. O tentacular. A divisibilidade.



10. Distorção. Deformação. O anamorfismo. O desvio metamórfico.

11. Divergência. A bifurcação. A alteração.

12. Juventude. O novo. O primaveril. O borbulhante. A erupção vibrante.

13. Aumentar. O bios. O crescimento.

14. Penetrar. O alvo preciso. A predação.

15. Atingir. O toque. A atenção. A pontaria. O choque.

16. Contacto. A junção dos contornos. O roçar.

17. Retenção. O reticente. A katharsis adiada. A contenção.

18. Aguardar. A armadilha. A passividade estratégica. A busca do ardil certo. A métis.

19. Encarreiramento. O rebanho. O seguidismo. O carreirismo. Os discípulos.

20. Avanço. O passo em frente. O Kouros. O adiantamento. A ousadia.

21. Libertar-se de algo. O desfazer-se. A desapropriação.

22. Resistência. O reverso do «dominante». O poder pela negação. O reactivo. O que contrabalança.

23. Facilidade. Sprezzatura. O des-esforço. O aparentemente natural.

24. Alegria. A efusão. O prazer. A plenitude.

25. Contenção. A prudência. A acção comedida. A estratégia discreta.

26. Empenho. O entusiasmo canalizado. A euforia com finalidade. O Enthousiasmous.

27. Obrigações. Finalidade sem entusiasmo. A rotina. A monotonia.

28. Mudança. O não monótono (a polifonia). A pulsão do tempo.

29. Decisividade. A acção potencial. A tonalização. A afinação.

30. Resolução firme. A mutação forte e consciente. O empurrão. O manifesto.

31. Embalamento. A propensão das coisas. O kairos. A epifania. A stimmung. O clima.

32. Legião (multidão+ exercito). A deslocação numerosa. A invasão. O acampamento. O comício.

33. Estar juntinho. A comunhão. O banquete. A fraternidade. A família.

34. Vizinhança. O que está próximo mas não pertence. O que se segue à comunidade.

35. Manutenção das forças. A energia. A potência. A castidade.

36. Força. O dinâmico. O avassalador.

37. Purificação. O fogo devorador. O revelante. O apocalíptico.

38. Estar-cheio. O auge. A maximização.

39. Ir morar. A ética. A coabitação. O politico.

40. Nomos (o dharma, a lei). A definição. A fórmula. A conduta. O que estipula. O que regra.

41. Resposta (responsabilidade). O estimulo. A pressão fantasmática. O dever. A dádiva.

42. Ir ao encontro. Deslocação. O movimento convergente. A interface.

43. Encontros. Contactos. Ajuntamentos.

44. Caldeirada (mistura, conjunção). Mestiçagem. O paradoxal. O monstruoso. O indefinível. A harmonia de opostos.

45. Grandeza. A doxa. A glória.

46. Alargamento (sublimação). A abertura. A expansão. A possibilitação.

47. Padrão (ritualização). A replicação. A reprodução. A uniformização. O mimetismo. A moda.

48. Ritual. A acção ritmada. A convergência sacrificial. A festa. O concerto.

49. Fuga. A debandada. O desconcertante. O desviante.

50. Vastidão. O sem limites. O desconhecido. E excesso. A desmesura. O colossal.

51. Constância. A regularidade. A normalidade. A confiança.

52. Medida. A proporção. A referência. O exemplo. O instrumento.

53. Eternidade. O não-tempo. O tempo imenso. O instante.

54. Unidade. A redução absortiva. O totalitarismo. A não-diferença. A singularidade.

55. Diminuição. Contração. Empobrecimento. O que se opõe à expansão.

56. Boca fechada. O silêncio. A censura. O emudecimento.

57. Guardamento. O segredo. O enigma. O não expresso. O pacto.

58. Encerramento. A colecta. A logística.



59.Amontoar. O aditivo. O coleccionar. O catalogar.

60. Acumular. A excessiva riqueza. A multiplicidade. A sobra. O por organizar.

61. Embelezamento. A arte. O supérfluo. O ornamento. O belo.

62. Dúvida. A inquirição. A especulação. A distinção critica. A indagação.

63. Contemplar. A passividade estética.O que paira. O borbulhar tranquilo.

64. Imersão. A dissolução. A liquidação.

65. Sublimidade. A evaporação. O etéreo. O nebuloso.

66. Dificuldade. A supressão. O desaparecimento. O desencontro.

67. Escurecimento. Desfocagem. O crepuscular. A aproximação do sombrio.

68. Obscurecimento. O desfazer-se. O ocaso. A negrura.

69. Exaustão. O cansaço. A fraqueza. O esgotamento.

70. Rompimento. A descontinuidade. O estilhaçar. O corte. O golpe.

71. Interrupção. O inacabado. O abismal. O amputado.

72. Dificuldade. Perplexidade. O incapaz.

73. Completamento (conclusão). O perfeito. O frio. O clássico. O depurado.

74. Fechamento. O domiciliário. O aprisionante.

75. Falhanço. O não atingido. O erro. O descontrolado.

76. Agravamento. A dificuldade crescente. A carência.

77. Condescendência. Tolerância. Flexibilidade.

78. No limite. Na margem. Na lâmina. A vanguarda. O stress.

79. Dificuldades. A necessidade. A sobrevivência.

8o.Trabalho. O esforço. A dependência. A domesticação.

81. Alimentação. O nutriente. O que é arrancado à terra.

Thursday, August 02, 2007

VIGYAN BHAIRAVA TANTRA







Esta é uma tradução já antiga de uma tradução que li no verão de 1981, ainda com os meus 18 anos, no livro Zen flesh Zen bones - prometo dar em breve outras traduções de outras traduções deste texto essêncial, assim como a minha paródia negativa.



Shiva, qual é a tua consistência?
O que é que este mundo cheio de maravilhas?
O que é constitui semente?
Quem centra a roda universal?
Qual é a vida para lá das formas invasoras?
Como poderemos entrar nela, para lá do espaço e do tempo, dos nomes e descrições.
Esclarece-me estas dúvidas!




1. Radiante, a revelação pode-se dar numa respiração. Após a inspiração e mesmo antes da expiração. Experimenta esta sua benificência.

2. No momento em que o ar vai ser expirado e também no momento em que vai ser inspirado, em cada desses momentos, toma consciência.

3. Ou ainda, quando o ar inspirado e expirado se fundem, nesses instante ressente a ausência de energia, ressente a presença de energia centrada.

4. Ou quando o ar for totalmente expirado e a respiração pára, ou quando o ar é totalmente inspirado e a respiração pára, durante essa pausa universal, o pequeno eu desvanece-se. Isso só é dificil para o impuro.

5. Considera a tua essencia como raios de luz despertando de chakra a chakra na vértebra, assim desperta a vivência em ti.

6. Ou nos espaços intermédios. Sente-o como relampagos.

7. Deusa, imagina o silabário devanagárico nesses focos de atenção recheados de mel. Primeiro os signos, e a seguir, subtilmente, os sons, e depois como sentimento subtilissimo. Deixando-os de lado, liberta-te.

8. Concentrado no ponto entre as sobrancelhas, deixa que o espirito se adiante aos pensamentos. Deixa que a essência da respiração encha a forma e suba até ao cimo da cabeça, e aí se espalhe como duche em luz.

9. Ou bem, imaginem que as cinco cores das caudas dos pavões são os vossos cinco sentidos, num espaço sem limites. Deixem a sua beleza invadir o espaço. Da mesma forma qualquer ponto num espaço ou sobre um muro. Até que o ponto se dissolve. Então o desejo de outra coisa realizar-se-á.

10. De olhos fechados, escrutina o teu ser profundo. Assim vê a tua própria natureza.

11. Concentra toda a tua atenção sobre o nervo, tão delicado quanto uma fibra de lotus, no centro da coluna vertebral. Assim, sê transformado.

12. Fechando as sete aberturas da cabeça com as tuas mãos, o espaço entre os teus olhos torna-se todo inclusivo.

13. Ao tocar os globos oculares como plumas, a ligeireza entre eles abre para o coração e aí satura o mundo.

14. Banha-te no centro do som, como num som continuo ou numa queda de àgua. Ou, pondo os dedos nas orelhas, escuta o som dos sons.

15. Entoa o som aum devagarinho. Mal o som atinja a plenitude sonora, também tu.

16. No inicio e gradual refinamento do som de cada letra, acorda.

17. Enquanto escutas instrumentos de corda, escuta o som composito central; assim a omnipresença.

18. Entoa um som audível. Depois cada vez menos audível até que o sentes mergulhar nessa silenciosa harmonia.

19. Imagina o espirito dentro e à tua volta até que o mundo inteiro se espiritualize.

20. Adorável Devi, entra na subtil presença que penetra muito mais fundo e para lá da tua forma.

21. Põe a tralha psiquica de uma forma optimamente inexprimivel por baixo, por cima, e no teu coração.

22. Considera qualquer area da tua presente forma como ilimitadamente espaçosa.

23. Sente a tua substancia, ossos, carne, sangue, saturados de prana.

24. Supõe que a tua forma passiva é um quarto vazio com paredes de pele: vazia.

25. Abençoado, assim como os sentidos se absorvem no coração, atinge o centro do lótus.


26. Mente desatenta, mantém-te no meio… até…

27. Sempre que estiveres em actividade verbal toma em atenção os dois sopros, e praticando isto, em alguns dias, renasce.

28. Concentra-te no fogo nascendo através da tua forma a partir dos calcanhares até que o corpo arda até às cinzas, mas não tu.

29. Medita no mundo aparente como ardendo até às cinzas, e torna-te num ser para lá do humano.

30. Sente as excelentes qualidades da creatividade atravessando o teu peito e assumindo configurações delicadas.

31. Com a ajuda do intangivel sopro no centro da fronte, quando este atinje o coração no momento do sono, sê o mestre dos teus sonhos e da própria morte.

32. Tal como as letras fluem subjectivamente para as palavras e as palavras para as frases, e tal como os circulos fluem objectivamente para os mundos e os mundos para principios, descobre finalmente estes convergindo no nosso ser.

33. Ò gracioso, joga! O universo é uma carapaça vazia em que a tua mente se diverte infinitamente.

34. Olha para uma taça sem ver os lados ou o material. Por alguns momentos torna-te ciente.

35. Permanece num local interminavelmente espaçoso, despejado de arvores, montanhas, casas. Assim terminam as pressões mentais.

36. Ò doce, medita no saber e no não saber, no existir e no não existir. Depois deixa-os de lado e sê.

37. Olha carinhosamente para um objecto. Não passes para outro. Aqui, dentro desse mesmo objecto: a benção.

38. Sente o mundo inteiro como uma presença translucida e sempre viva.

39. Com a maxima devoção concentra-te nas duas junções da respiração e conhece o conhecedor.

40. Considera o auge como sendo o teu corpo em extase.

41. Enquanto és acariciada, doce princesa, entra nessas carícias como numa vida que não tenha fim.

42. Fecha as portas dos sentidos às cocegas de uma formiga. Então.

43. No principio do estreitamento sexual, mantem-te inicialmente concentrado no fogo, e, prosseguindo, finaliza desembaraçando-te das brasas.

44. Em tal abraço os sentidos são abanados como folhas. Entra nesse estremecimento.

45. Mesmo recordando a união, sem o abraço: a transformação.

46. Ao ver alegremente um amigo à muito ausente, aprofunda essa alegria.

47. Quando bebendo ou comendo, torna-te no sabor da comida e da bebida, e enche-te.

48. Ah, tu que és a dos olhos em lotus e doce no toque; enquanto cantas, olhas ou saboreias, atenta no que és e descobre o sempre vivente.

49. Onde quer que seja que te satisfaças, seja qual for o acto, actualiza isto.

50. No ponto do sono em que o sono ainda não chegou, e a externa vigilia se dissolve, nesse ponto o ser é revelado.

51. No verão quando se consegue ver claro o céu interminável, entra em tal claridade.

52. Permanece deitado como um cadáver. Enraivecido na cólera, assim fica. Olha sem pestanejar. Ou ainda, aspira e torna-te o aspirado.

53. Sem o suporte dos pés e das mãos senta-te sómente no rabo. Subitamente o centramento.

54. Numa posição confortável, gradualmente penetra numa àrea entre os sovacos para dentro de uma enorme paz.

55. Vê, como se fosse a primeira vez um santo e um objecto vulgar.

56. Com a boca ligeiramente aberta, mantem-te concentrado no meio da lingua. Ou, assim que o sopro vem silenciosamente, sente o som HH.

57. Quando numa cama ou num assento, deixa-te tornar sem peso, para lá do pensamento.

58. Num veiculo em movimento, oscilando ritmicamente, experimenta. Ou num veiculo parado, deixando-te andar à volta em circulos invisiveis.

59. Ao olhar simplesmente o céu azul para além das nuvens: a serenidade.

60. Shakti, vê todo o espaço como se já estivesse absorvido na tua cabeça, brilhando.



61. Acordando, dormindo, sonhando, conhece-te enquanto luz.

62. Na chuva, durante uma noite negra, entra na negritude como na forma das formas.

63. Quando uma noite de chuva sem luar não está presente, fecha os olhos e descobre a escuridão à tua frente. Abrindo os olhos, vê a escuridão. Assim as tuas falhas desaparecem para sempre.

64. Mal tenhas o impulso de fazer qualquer coisa, pára.

65. Concentra-te no som aum sem a ou m.

66. Silenciosamente entoa uma palavra terminando em AH. Depois em HH, sem esforço: a espontaneidade.

67. Sente-te a penetrar em todas as direcções: longe, perto.

68. Perfura alguma parte da tua forma cheia de mel com um alfinete, e, amávelmente, entra na prefuração.

69. Sente: o meu pensamento, essência do eu, orgãos internos: eu.

70. Ilusões decepcionam. Cores circunscrevem. Mesmo os divisiveis são indivisiveis.

71. Quando qualquer desejo chega presta-lhe atenção. Seguidamente larga-o.

72. Antes do desejo e do conhecimento, como poderia dizer o que sou? Toma atenção. Dissolve em beleza.

73. Com a consciencia inteira no principio do desejo, do que há a saber sabe.

74. Oh Shakti, cada percepção especifica é limitada, desaparecendo na Omnipotência.

75. Na verdade as formas são inseparáveis. Inseparáveis são o ser omnipotente e a tua própria forma. Considera cada como produzida por esta consciência.

76. Em estados de extremo desejo permanece imperturbável.

77. Este universo assim chamado assemelha-se a um truque, a um espetaculo. Alegra-te assim ao olhá-lo.

78. Oh bem amado, coloca a atenção em algo que não seja dor nem prazer, mas entre estes.

79. Deita fora o que te agarra ao corpo, concluindo que estou em toda a parte. Quem está em toda a parte é alegre.

80. Objectos e desejos existem tanto em mim como nos outros. Ao aceitá-los traduzam-se.

81. A apreciação dos objectos e assuntos é a mesma para um iluminado e um não-iluminado. O primeiro tem uma vantagem: permanece no dominio pessoal, não perdido nas coisas.

82. Sente a consciencia de cada um como a tua própria. Assim, pondo de lado as preocupações com o próprio, torna-te cada ser.

83. Pensando coisíssima nenhuma, torna ilimitadas as tuas próprias limitações.

84. Crê omniscente, omnipotente, invadinte.

85. Assim como as ondas trazem àgua e o fogo chamas, assim connosco as ondas do mundo.



86. Vagueia até à exaustão e então atira-te para no chão, e neste despejar sê inteiro.

87. Supõe que gradualmente ficas desprovido de força ou conhecimento. No instante de desprovisão, ultrapassa.

88. Escuta enquanto o derradeiro ensinamento mistico é concedido: Olhos parados, sem pestanejar, e subitamente torna-te absolutamente livre.

89. Obliterando as orelhas ao comprimi-las e o ânus contraindo-o, deixa entrar o som dos sons.

90. À beira de um poço fundo olha sem te mexeres para as suas profundezas até que: a maravilha.

91. Onde quer que a tua mente vagueie, interna ou externamente, nesse mesmo lugar, isso.

92. Quando vividamente atento através de um sentido específico, mantém a atenção.

93. No inicio do espirro, durante o susto, na ansiedade, sob um precepício, fugindo na batalha, em extrema curiosidade, no inicio da raiva, no fim da raiva, sê ininterruptamente atento.

94. Deixa que a atenção esteja num local onde vejas acontecimentos passados, e mesmo a tua forma, tendo perdido as caracteristicas presentes, é transformada.

95. Olha para um objecto à tua frente. Depois, lentamente, vai desviando a atenção dele. A seguir, lentamente, desvia o teu pensamento dele. Então.

96. A devoção liberta.

97. Sente um objecto perante ti. Sente a ausência de todos os objectos excepto este. Depois, pondo de lado a sensação do objecto ou da sua ausência, compreende.

98. A pureza dos outros ensinamentos é como impureza para nós. Na verdade nada é puro ou impuro.

99. Esta consciencia existe como cada ser, e nada mais existe.

100. Sê o diferido mesmissimo para um amigo ou um desconhecido, na honra e na desonra.

101. Quando sentes que algo contra alguém ou para alguém desperta, não ponhas a pessoa em questão, mas permanece concentrado.

102. Supõe que contemplas alguém para lá da precepção, de qualquer alcance, para além do não-ser: tu.



103. Entra no espaço, sem suporte, eterno, imóvel.

104. Sempre que a tua atenção se acende, nesse momento preciso, experimenta.

105. Entra no som do teu nome e através desse som em todos os sons.

106. Estou a existir. Isto é meu. Isto é isto. Ò bem amada, nisso conhece a ilimitabilidade.

107. Esta consciencia é o espirito de conduta de cada um. Sê esse.

108. Esta é uma esfera de mudança, mudança, mudança. Através da mudança consuma a mudança.

109. Tal como a galinha cuida dos pintainhos, cuida tu dos conhecimentos particulares, dos actos particulares, na realidade.

110. Uma vez que, na verdade, servidão e liberdade são relativos, estas palavras são para aqueles vivem aterrorizados com o universo. Este universo é um reflexo de pensantes. Tal como podes ver muitos sois na agua a partir de um sol, do mesmo modo vê a servidão e a libertação.

111. Cada coisa é percebida através do conhecimento. O si-próprio brilha no espaço através do conhecimento. Entende o ser-se como conhecedor e conhecido.

112. Bem amada, neste momento deixa que o pensar, o conhecer, o respirar e o formar sejam incluidos.