Há seis pontos de vista diferentes (darshanas) no pensamento «ortodoxo» indiano - a divisão e classificação, como todas, é tardia.
Quando surgiram os seus «mestres», populavam outros que não eram «excluídos» - materialistas, budistas, jinistas e inumeros pensadores cujo rasto desapareceu, em experimental guerrilha de ideias, num why not algo dadaísta.
Grande parte do pensamento indiano nasceu como polémica e refutação das práticas védicas, com os seus hinos mágicos ou mitológicos, com os seus rituais violentos, com o seu culto anicónico, senão mesmo «iconoclasta».
Os Upanishades mais antigos são diversos, algo amorais, e em boa parte anti-ritualistas, isto é, anti-védicos - os seus temas traduzem uma vigorosa contestação social, uma evasão das «cidades» para a floresta iniciada pelos «aranyaka».
As questões que formulam tornaram possiveis as especulações e as polémicas que deram origem a «religiões», seitas e darshanas. A geometria e o efeito ricochete da lógica das polémicas e das refutações é muito semelhante à que ocorreu em altura idêntica na grécia e na china.
As «possibilidades» do pensamento esgotam-se na ocupação dos lugares por elas oferecidos - os séculos encarregam-se de os tornar menos fluídos, mais legitimados e estanques. Falo disto como um prelúdio à minha «duvidosa» interpretação dos Yoga Sutras, provavelmente uma compilação de diversos tratados de «yoga».
Gosto da palavra yoga como ideia de «soma», de «ligação», de «ajuntamento», de pôr as coisas em interacção. A tradução da defenição primeira de yoga nos yoga sutra tem enfatizado precisamente o contrário ao insistir em traduções duvidosas do termo nirodha, chegando ao ponto considerar o yoga essencialmente como «supressão dos estados mentais». Será isto que diz o texto?
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