Friday, September 14, 2007

Livro das Ambulatórias Atribulações Atributivas












(1) A ciência está no número dos bens arrepiantes. Uma ciência é melhor que outra nem que seja só para fazer inveja.

(2) A ciência que trata da excitabilidade e do acalmamento é um panejamento mais fecundo dos afectos brutos e abruptos que se procuram polir em desenvolta arte.

(3) O conhecimento é um propósito da alma, de inquestionável utilidade para os arremessos retóricos e para a encenação de complexas autenticidades.

(4) A alma é a animalidade, o acto movente que dá caça a todos os aspectos e principios morredoros ou supostamente eternos.

(5) Diversos são os principios que dão trela a outros contentamentos e arreliamentos.

(6) O animal que na sua singularidade se universaliza quer-se um pouco de tudo e em um tudo um excelso nada. Ele é o que é, nem anterior nem posterior a qualquer natureza, mas algo que se entrega à devorante oferta do mundo. Ele é a atenção às desenvoltas intenções que no mundano ar se confutam.

(7) A acidentalidade forja os modos como encaramos os quês das coisas, quer através do que nelas lhes é acessório, quer nos afectos transicionais e nas circunstâncias com que damos de cara com elas.

(8) A forma exaltada com que atiramos com as nossas indagações levam as suspeitas sobre os quês a diversas pessoas, desembrulhando os assuntos em equilibradas defenições que se desejariam assombrosas.

(9) Em qualquer operação a que animadamente nos entregamos são indistintos os humores do corpo dos da alma, se bem que o corpo proceda como coordenado exército e alma goste de encenar as suas diletantes multiplicidades numa desejável diversificação, pois querer ser é procurar expandir-se nas singularizações das diversidades.

(10) As operações da alma querem-se limpidas nos seus procedimentos estilisticos e nas finalidades que desenrolam as intenções. É através de desejos precisos que o corpo as acolhe, e é numa ginástica coordenada entre os desejos da suposta alma e a exercitabilidade do corpo que se dá uma purificação essêncial para a persistência conjugal de ambos.

(11) O intelecto busca espaços nos quais se ancorar, tecendo e destecendo imagens. O espelho do intelecto é a florida imaginação. A intelecção pode ser a secagem das fontes, e como tal um espelho onde se reflectem fantasmas, imprecisões, neblusidades. Mas o intelecto rigoroso faz belos desenhos.

(12) As defenições procuram a excelência de um momento e a multiplicação das variantes, quer confirmativas, quer refutativas. O que é dado é o moldável, o philum, o que adere a esquemas e designios. Ou como dizia Antiphon o arrythmyon, a disponibilidade do não-esquematizado. Toda a esquematização está em potência, mas a potência não existe sem prática, sem «materialização». As formas engendram as formas, mas as formas que se contentam com a sua inércia só podem sonhar com a réplica.

(13) A naturalidade é a dupla interface entre as diversas reacções miméticas (simpatia, antipatia, paródia), as forças diagramáticas (e as sequências complexas que as geram) e o philum (o não-formatado aderente, a simpatia da matéria). A animação e a animalidade são a vertigem de uma demorada interacção. De certa forma, toda a geometria é um animal voraz.

(14) As explicações não são isentas nem de alegria nem de tristeza, por mais clássicas, engenhosas ou inexpressivas que pareçam. As explicações são geradas, têm um subsolo «patético», tendo sido tecidas num emaranhado de afectos.

(15) Os olhos do passado são predadores. Os renascimentos procuram vitímas em excitáveis rememoradores.




(...)

(44) As explicações são bestas formatadas por diagramas animados. O olhar caça o visível. A visão não é nem a afortunada desocultação (ocultante ou não) de uma natureza demasiado púdica nem uma pura e galhofeira aparência de uma literalidade irrepreênsível. A visão é uma selecção e uma caça, ou até mesmo uma intoxicação.

(45) O visivel distingue-se do ainda não visto menos como esgotamento de possibilidades e mais como uma encarnação personificadora, uma força metonímica que procura contagiar-se narrativamente noutras formas e visões. O caracter romanesco da realidade é a sua não-finalidade. A natureza do romance nega que o romanesco termine no livro. Cada livro é a sequela do que determinado livro deixou como propulsão metonímica. É menos a questão do aberto do que a do abrinte.

(46) Viver dissimula-se em vários modos: crescer, sentir, fingir, aperceber, criar, adorar, embriagar, ocultar, rir, chorar. É a inadaptação ao lugar que faz a intiligência. São as estratégias de simpatia ou de rejeição do lugar que determinam as nossas competências e incompetências.

(47) A alma incita o corpo quer à diferença quer à indeterminação. Põe-no a jogar em todas as posições – alerta-o para os contrataques e para os perigosos movimentos na rectaguarda.

(48) A animalidade é predominantemente voracidade, graça e toque.

(49) A alma gosta de se entregar aos espaços numa confutação amorosa – a intiligência é quase sempre uma intiligência de lugar e posição. Os seus méritos são miméticos e sequênciais.

(50) A alma usa uma série de personas para passar à acção: a deambulativa, a sentimentalona, a mimética e a intelectiva.

(51) Há nas plantas uma alma pública com erecções privadas.

(52) A conectividade entre todas as personas da alma é indispensável para aumentar as suas potências. Mesmo as zonas mais abstractas são corruptíveis. O intelecto só adquire um movimento perpétuo se se mover, sentir e establecer interfaces metamórficas com os espaços à disposição.

(53) Inclinamo-nos nos avatares da ciência, nas predações da alma – buscamos uma saúde mais exuberante para que seja transpirada pelo corpo.

(54) A acidentalidade é a vontade de actualização das essências. A criação de novos objectos encaminha transicionalmente a de determinadas essências. A natureza do canapé ou do sofá não é a mesma da cadeira, é uma gradação entre cadeira, cama e eventualmente outra coisa. A criação de novas espécies animais e vegetais supõe atributos acidentais que se tornam defenitivos. Será que se pode dizer o mesmo do mundo – entendê-lo como genérica acidentalidade é enunciar o que nele e na acidentalidade há de mais universal?



(55) Os actos das coisas são a sua inclinação substanciando-se.

(56) As capacidades são reconhecidas pela ingerência actuante. A função dos actos é actualizar os objectos nos objectos.

(57) A mais natural das operações é a de aprimoramento dos apetites, isto é, aumentar a exuberância das formas e entranhar-lhe uma apetência metamórfica – mantê-las numa tensão aberta para novas gestações, quer internas, quer externas. A ideia de perfeição é menos a de acabamento e mais a de processamento – work in progress. Espontaneidade que procura a divindade e a imortalidade nas extremidades do caduco.

(58) O corruptível é a desentificação e a acção desconcertada. A perca de identidade (mesmo sendo uma identidade multipla) de qualquer agente diminui as suas capacidades regeneradoras. Há agentes que sobrevivem perpetuando-se pela reprodutibilidade, por mais que sejam rápidamente corruptiveis. A reprodução no quase identico é a espécie.

(59) A ciência determina o seu rigor criando universais onde possa arrumar a confusão mundana.

(60) Os universais imprimem-se na alma como uma força diagramática que flutua com um determinado poder quer na enunciação do mundo quer na sua manipulação.

(61) A alma gostaria de ser mais autonoma nas suas andanças, mas o que a enriquece é a interface entre a sua autonomia volitiva e a vulnerabilidade perante as coisas e as ocasiões.

(62) A sensibilidade afina-se como progressão da sua combinatória interna e como digestão do acidental.

(63) Há uma sensibilidade genérica que é partilhável e comunicável e há uma sensibilidade mais particular e intransmissivel. A linguagem tenta traduzir o incomunicável das singularidades em termos de sensibilidade genérica.

(64) O sensibilidade genérica distribui-se em três pares modais: a elevação/rebaixamento, o repouso/movimento, a geometria/informe.

(65) Há nove sentidos: a vista, o ouvido, o odor, o tocar, o execrar, o sublimar, o sexuar, o provar, o regorgitar.

(66) A sensibilidade não se engana a si própria mas pode induzir a erros a sua intelecção e o modo de lidar com os seus problemas.

(67) A cor é a visibilidade inconstante, propriedade das complexidades da luz e da refracção do momento. A côr é o antegosto do paraíso.



(68) A luz é a substância que constitui todos os corpos. A tendencia da luz para a inércia é o obscurecimento. A luz continua a banhar tudo, mesmo na sua lentidão.

(69) Dois corpos não podem ocupar em simultaneo o mesmo lugar, mas podem cohabitar determinadas àreas.

(70) A iluminação não se produz de maneira sucessiva e no tempo, mas produz-se no momento.

(71) O obscurecimento é uma elisão da luz. As trevas estão grávidas de iluminações.

(72) A cor é a luz dividida, dispersa. As cores, na sua intensidade remetem para a intensidade da luz – quer na sua insuportável magnitude, quer no doce clamor com que a luz se dissimula nas ténebras.

(73) A sensibilidade procura a intensidade para saír fora de si. O sentido do fora não é enunciável nem inteligível – é o extase.

(74) O som é resultante da vib-ratio original, de um tremendo clamor genésico, cuja ressonancia e ecoamento parece despontar na vontade dos objectos e os animais persistirem em esfregar objectos sonoros com ou sem violência.

(75) O eco é um som que continua em diminuendo parte de outro som. Temos que pensar que o mundo é a variação em pianíssimo de sucessivos ecos, já de si variações de um chamamento temível que roça com o mundo – variações de variações em busca de novas variações.

(76) A voz é um som que se procurou desembaraçar de um corpo.

(77) A voz é o que se solta através do ar das nossas zonas vocais na garganta destilando um prazer que se compraz em jogos e inflexões musicais que procuram emocionar e através da emoção significar em outros.

(78) Nenhuma coisa consegue ser alheia às vozes, mesmo que seja surda.

(79) As línguas empurram os ecos que vegetam musicalmente no mundo para operações de significação particular ou para operações sentimentais. Toda a lingua é babel no seu enfase de particularizar, de preencher os requesitos e particularidades de espaços e momentos.

(80) O homem compraz-se em sentir imperfeitamente – muitos dos seus sentidos são inferiores aos de outros animais, mas não a forma como recicla e reelabora o que lhe é dado por esses sentidos.









(81) Há três variedades de causas: a causa esquemática, a causa estratégica e causa directa. A primeira actua sobre as determinações morfológicas, a segunda establece sequências de oportunidade, a terceira entra de rompante na matéria e é por isso a mais eristica de todas e a mais observável.

(82) A estratégia implica a duplicidade de procurar um fim em parte desejado, mas também a gestão do adiar esse fim, uma vez que a finalidade alcançada implica a morte da estratégia. A graça é a estratégia para além do fim – como o messianismo para além do messias.

(83) O ordem da fala alimenta-se da desordem das impressões que em seu redor flutuam. Por isso os mestres de retórica buscam locais ordenados para alicerçar os seus discursos improvisados.

(84) A alma vegeta nas suas apetências: consumidora, aumentativa, regenerativa e reprodutiva.

(85) As bocas dos animais são como famintas raízes que tentam devorar tudo que é apetecível ao olhar.

(86) A combustão das coisas dá-nos a ideia de que há um limite de combustiveis apesar da imagem do fogo nos proporcionar a ideia do infinito, como coisa que se alastra incontroladamente.

(87) A natureza coloca limites que procura transgredir. O ilimitado não existe senão como hipótese de alastramento dos limites.

(88) A assimilação digestiva apropria o dissemelhente que dilui as suas qualidades nas qualidades do devorador. A predação tem a sua justificação morfológica – toda a forma quer engulir outras formas.

(89) A sobrevivência depende da manducação e da assimilação de multiplas dissemelhanças.

(90) Tudo se gera de si-mesmo contra si-mesmo, conservando-se graças ao nada.










(91) À partida, o predador e a presa são dissimilares, no fim são semelhantes.

(92) As criaturas tentam exacerbar a sua potência marcando o espaço e devorando outras formas, ou pelo contrário, deixam-se devorar de forma a pertencerem de um modo mais completo à matéria. A potência exerce-se quer como poder dentro de um espaço circunscrito, quer como exibição para outros espaços que não controla.

(98) Homem é o mais excentrico entre todas a bestas.

(99) São mais expeditas as criaturas cujos corpos são elásticos.

(100) Sem humidade e humildade nada pode ser provado. Toda a prova implica humilhação.

(101) Tocamos nos outros corpos como se uma ligeira palpitação lhes proporcionasse um incendio neurológico. A pele e a carne parecem dispositivos elétricos em que cada ponto contagia o resto do corpo.

(102) Os conceitos tentam fazer passar por palavras determinados estados de sensibilidade extrema, secando-lhes as ambiguidades.

(103) Qualquer sentido é a receptividade a cadeias ambulatórias de outros sentidos que se dão quer como combinados clichés verbais quer como dados projectados de imprecisas experiências.

(104) Uma sensibilidade forte corrompe os sentidos mais fraudulentos.

(105) Os sentidos engendram-se nas pregas da imaginação.

(106) O motor que faz mover o mundo é nú.

(107) O sentido comum é o sentido partilhável e esquematizável que permite as incontornáveis variações dos sentidos pessoais – o sentido comum é ,à partida, biológico e político.



(108) O pensamento tenta absolver os homens da sua violência – ou não passará de um intoxicante ainda mais terrivel que o sabor do sangue?

(109) Nunca nos limpamos suficientemente quer do erro quer da ignorância, por mais que nos simplifiquemos nos fundamentos ou nos eduquemos na etiqueta de ciências plausíveis. A nossa perfeição é tanto mais perfeita na admissão de desavindas ignorâncias e de imperfeitas hipóteses do que na maningância de uma snob excelência.

(110) Pensar melhor, um pouco melhor.

(142) A inteligência procura segurar-se. Uma leve ironia não a deixa atirar-se ao abismo.

(143) Cada coisa tem a sua forma deformante e a sua materialidade com ecos imateriais.

(144) A coisidade de um objecto é mais um combustível que anima a já de si animada alma.

(145) O intelecto procura demonstrar que é simples como garantia da autenticidade, mas não passa de um composto, uma conectiva máquina de filtrar estados de sensibilidade e de confusão cognitiva.

(146) O intelecto possível é determinado pelo modos como arruma, pelas prateleiras cognitivas que se pretendem virgens mas que já foram desfloradas ainda antes de nascerem.

(147) O nosso intelecto procura entender-se a si mesmo, mas não há especulação que espelhe efectivamente. O intelecto é uma voracidade esquemática enamorada dos axiomas e teoremas que propõe.

(148) A matéria é inseparável da suposta imaterialidade. Inseparável quer dizer que são o mesmo ser.

(149) A natureza dispersa-se em afãs produtivos, reprodutivos e destrutivos. Nós somos as criaturas que procuram ter acesso aos mais delicados mecanismos dessa engrenagem. A inteligência é a porta aberta para uma compreensão intensa. A inteligência está com a luz, solicitando a competência farmaceutica das cores. Entenderás a potência como o paradisiaco que não cessa de ser em acto.

(150) O pensamento que se revela na arte da vida é mais nobre do que aquele que se deixa subjugar por potências alheias. O pensamento nobre, e a arte nobre enobrecem a vida.




(151) O intelecto é mortal mas procura perpétuar-se recorrendo a multiplos registos. Não podemos confundir os registos com o intelecto.

(152) O intelecto opera com termos polposos – têm demasiados braços para agarrar as coisas.

(153) Outro dos atributos do intelecto é o de pôr em acção as diversas analogias e relações como se fossem tribos de afectos.

(160) Todo ser é sensível por mais que seja filtrado pelas comédias do inteligível.

(161) A alma é, de certa maneira, a implexação do nada e a implicação rizomática de todas as coisas num complot ontológico.

(162) As ciências interagem umas sobre as outras como linguagens transgredindo as fronteiras. Nenhuma ciência se traduz completamente noutra.

(163) Não é a espécie (no sentido «escolástico») que designa a pedra que está na alma, mas a velocidade de um saber que permite denominar a pedra como pedra reconhecível. A alma é uma velocidade que é sensivel a determinadas redes de convenções.

(164) A mão é o orgão que se compraz em manipular os outros orgãos.

(165) O intelecto organiza, desorganiza e reorganiza as espécies de acordo com as velocidades da alma.









(166) O apetite, a fome e a gula são os pais da vontade – esta é uma extensão caprichosa da gestão da fome. A disciplina da inteligência surge muitas vezes como disciplina de rejeição do apetite – ascese; isto é, passar fome. Da mesma forma a inteligência é a superabundância resultante de uma ascese. A inteligência transforma a vontade, as capacidades perceptivas e até a sensibilidade. Também se deleita na dificil gestão dos humores, sobretudo da ira e da concupiscência.

(167) Tal como as sensações e percepções geram equivocos também os caminhos da consciência podem levar a erros, por mais seguros que sejam os métodos utilizados.

(168) A natureza nada faz impunemente – cria-nos necessidades caprichosas e procura-nos viciar na superabundância. Mas em geral a gestão do mundo, nas suas inumeras localidades, parece quase perfeita.

(169) Procuramos principios como nucleos estratégicos a partir dos quais criamos redes de tráfico de sentido que nos dão acesso à variedade e às regularidades do mundo.

(170) O desejo que nos empurra para as coisas é ético, não no sentido de um bem «moral» que se opõe ao mal, mas no sentido de intoxicação voluntária que abre mais diferenças nas diferenças já assimiladas.

(171) Falar de animalidade é falar de mobilidade, de criaturas vocacionadas para a acção. E o que é que as faz mover? São motores vários dos quais o mais evidente é o coração.

(172) O movimento é dado ao animal. Ele dispensa-o em actividades de manutenção. Mas o homem tem apetites que se estendem bem para lá das suas necessidades ou da sua segurança. O homem explora o movimento nos limites da sua própria movimentação. Por isso a dança é a metáfora de todas as artes, movimento exploratório por excelência, na apetência do corpo pelo espaço em todas as variantes posicionais e ritmícas.

(173) A alma começa por ser vegetal, como reacção à relativa estabilidade do mineral. A animalidade é já um estado de radical liberdade quer perante a formalidade grosseira do mineral e o limitado nomadismo do vegetal.

(174) É por necessidade que qualquer animal possui uma voracidade semiológica – é o que o distingue do in-animal.

(175) Nenhuma animalidade é pura ou simples. É antes contaminada, conspurcada e complexa.

(176) Os animais apetecem-se uns aos outros através do gostar (e degustar) e do tocar – os afectos mais imediatos expressam-se predominantemente nestes dois sentidos. Os outros sentidos desenvolvem o lúdico, o belo, o conforto e a tranquilidade.

(177) Ver é uma promiscuidade. O olhar acolhe as coisas como uma oferenda que será devorada pelo fogo dos seus hábitos perceptivos.

(178) Nenhum sentido, por mais universal e abstracto que seja consegue ausentar radicalmente a animalidade que o engendrou.



(179) A sensibilidade sublime procura alastrar o sentido para lá do sentido.

(180) O excesso de tangíbilidade corrompe a excelência no animal. Deveriamos defender o direito ao pudor como algo divino.

(181) Os animais possuem línguas para oscular nos outros os apetitosos significantes. Comunicar é partilhar as mesmas iguarias semanticas.

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