Thursday, September 13, 2007

O livro das Escusas (5)



V (VI).

114. O conhecimento do que quer que seja só pode ser conhecimento de si mesmo, isto é, Autopsia.
115. Uma Autopsia é uma narração. Na narração a lingua que a narra opera como um filtro sobre o auto-conhecimento.
116. A lingua narrante, procura, através da Autopsia, explorar-se a si mesma. A lingua ilumina-se, mas também ilumina a narração. A lingua é como uma luz que dá mais relevo a determinados pormenores mas deixa outros na sombra.
117. A lingua é a mãe da relevância.
118. O silêncio é indiscriminador, é a impotência de discriminar.
119. Não é possivel discriminar nem o Absoluto nem a Anestesia.
120. Há no entanto a possibilidade de discriminar tudo o que sobra a estes dois termos, por mais irrelevante ou fictício que seja.
121. O que sobra a esses dois termos acaba por caír no dominio do efeito e da opinião, isto é, da Doxa.



122. Tudo o que se possa dizer da Doxa é duvidoso. Tudo o que se possa dizer sem passar pela Doxa ainda é mais duvidoso.
123. A Autópsia recai assim sobre a Doxa. Pensar e doxar são uma e a mesma coisa.
124. A Doxa é um círculo vícioso. Não pode saír de si mesma senão como salto para o Absoluto ou para a Anestesia. O salto para o absoluto faz-se pelo extase. O salto para a anestesia é feito pela exercitação ataraxica.

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