Thursday, September 13, 2007

tetralogia mista (4)


CAPÍTULO IV

Não precisamos de legitimidade para ir à caça. Precisamos é de habilidade e mobilidade. Mais do que um templo o divino é uma caça.

Aquilo de que necessitamos mais é de sensibilidade e caos. Algum bom-senso serve. Mas poucas vezes.

Um corpo é uma coisa que trabalha. Os sofismas estão na horta. Para que haja qualidade o que há tem que ser tangível.

O inatingível é a causa do sofrimento.

As desordens do espirito saem nos espirros. Dizemos santinho, mas também podiamos dizer «vade retro satanás!»

Necessitamos de mudar os nossos hábitos religiosos e por isso pedimos deuses mistos, consistentes, carnudos, teatrais, capazes de descer aos nossos corpos e proporcionar experiências estonteantes, simultaneamente terriveis e doces.

Os deuses são como animais que dançam no vácuo. O nosso dever é assimilar as suas capacidades de dançarinos. Devemos aproximar-nos da divindade como se o ornamento da dança fosse um dos elementos mais pro-vocantes do mundo, porque o mundo precisa de causas artísticas e afrodisiacas.

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